Ética republicana
Confesso que não sou particularmente fã da expressão que puxei para o título deste post. Mas foi o que imediatamente me lembrei, quando li a notícia de que o Presidente da República avisou os partidos políticos e o Governo relativamente a aprovação de leis, nos próximos três meses, que possam provocar “fortes divisões partidárias, "fracturas na sociedade portuguesa" ou que signifiquem "elevados encargos para o futuro".
Muito embora este tipo de aviso seja inédito, temo que as palavras de Cavaco Silva acabem por cair em saco roto. Claro que se a ética republicana não fosse um mero verbo de encher entre a classe política quando, por qualquer motivo se sentem acossados, esta era uma questão que nem se colocaria.
O problema aqui é que, para um Governo, que ainda há alguns meses achava que era imbatível e que se vê agora confrontado com a possibilidade real de perder as próximas eleições, a tentação de fazer campanha através de uma fúria legislativa falará certamente mais alto. Quanto mais não seja, pela vontade de alguns socialistas de quererem esticar a corda e tentar levar o Chefe de Estado a um extremar de posições. Falta-nos ética republicana, de facto.