A apresentação do programa eleitoral do PSD veio pôr termo ao psicodrama de Verão: que o PSD “não tinha ideias” e que “não tinha nada para propor”. Afinal não só tinha, como era qualquer coisa de diferente face à verdadeira lista de mercearia (adocidada com palavras como "social" e "solidariedade") com que o PS nos presenteou. Acresce que o programa eleitoral do PSD aponta para sentidos correctos: aligeiramento fiscal (seja por via das contribuições sociais seja dos impostos propriamente ditos), descrença nas virtudes milagreiras das obras públicas (ao contrário do keynesianismo à bruta do PS) e tentativa de criação de condições propícias ao bom funcionamento das empresas. Mesmo na política social, onde se procura manter todos os actuais programas em funcionamento, verifica-se a procura por soluções mais descentralizadas, na linha das várias propostas feitas pelo Instituto Francisco Sá Carneiro. Evitando doutrinarismos liberais, o PSD vai bastante longe na assunção de muitos princípios liberais: descentralização das decisões e liberdade de escolha. Para aqueles que andam há anos a pregar as virtudes destas ideias, não se pode dizer que sejam más notícias.