Os Mitos- 5º Mito: A tragédia das falências VI
Da série referida no meu post de 6 de Agosto, apresenta-se o 5º Mito: a tragédia das falências.
Em Portugal, as empresas nascem, vivem, crescem, mas, contra a lei natural, raramente morrem.
O número de empresas envolvidas anualmente em processo de falência é da ordem dos dois, três milhares, inferior a 1% do universo das empresas. Esta percentagem compara com taxas superiores a 8 % no Reino Unido, Bélgica, Dinamarca, Holanda e Finlândia, ou ligeiramente inferiores a 8% na Espanha e Itália (dados de há 4 anos).
Para tal concorreu o tradicional proteccionismo estatal às empresas económica ou financeiramente falidas, alicerçado em procedimentos falimentares morosos e inadequados. Uma falência retardada não salva o bem social composto pelas instalações, que vão caindo aos poucos, pelos equipamentos, que são roubados ou se tornam inúteis, pelos clientes, fornecedores e trabalhadores. A General Motors decidiu em Junho apresentar-se à falência, em Nova York. Passado pouco mais de um mês, o Tribunal aprovou o plano de falência. Claro que saíram prejudicados os accionistas e muitos créditos foram reduzidos. Mas a actividade continua e o emprego foi assegurado.
Em Portugal, os processos de falência demoram anos, mesmo considerando a diminuta dimensão das nossas empresas. Uma falência oportuna é a melhor forma de punir a má gestão, de aproveitar o que resta dos activos empresariais permitindo a sua aquisição por terceiros e assim salvaguardar os interesses e direitos de clientes, fornecedores e trabalhadores. Ao contrário do mito há muito instalado em Portugal.