A conveniência das excepções
A notícia publicada hoje no Diário Económico (p.8-9) explica-nos como o modelo de progressão na carreira funciona para os dirigentes. Depois da reforma na função pública, com a introdução de um sistema de avaliação que visava acabar com as chamadas ‘progressões automáticas’ (baseadas no tempo de serviço e na idade), ficamos a saber que nada disso se aplica aos dirigentes, a quem bastam 3 anos seguidos na comissão de serviço para subir na escala remuneratória. Dizer que é um processo bastante mais simples do que para os restantes funcionários dos serviços públicos é um mero eufemismo.
É difícil compreender o que justifica tal privilégio – e não se enganem, trata-se mesmo de um privilégio. O governo socialista, que se anunciou como aquele que pretendia impor critérios de rigor na prossecução da carreira dos seus funcionários, opta por não aplicar esse rigor aos dirigentes. Assim, independentemente do seu desempenho, um dirigente sabe que passados 3 anos de serviço subirá, sem qualquer tipo de avaliação.
Não esqueçamos que foi este governo que ao longo do seu mandato nos explicou as vantagens das avaliações de desempenho. De algum modo, aperceberam-se agora que afinal essas vantagens na avaliação de desempenho não se devem aplicar aos dirigentes. Porquê? Não sabemos, mas desconfiamos. Afinal de contas, são cargos aprovados pelo Primeiro-Ministro e pelo membro do governo competente na área.