Uma nova política
Os Portugueses estão pessimistas. Muitos estão mesmo resignados ao fatalismo de sermos uma sociedade bloqueada e medíocre. Têm o sentimento que “sempre fomos assim”.
Há consciência das dificuldades que vamos ter de viver e uma profunda descrença na possibilidade de mudar o país.
Não se acredita num futuro construído por nós próprios. A preocupação é aguentar o melhor possível, ter esperança que a economia europeia recupere e que Portugal seja arrastado por essa recuperação.
Esta é uma realidade. Mas também é verdade que mesmos os mais pessimistas querem voltar a acreditar, voltar a ter esperança, sentir orgulho num país, que apesar das dificuldades, traça o seu próprio destino e é capaz de vencer.
Apesar do desânimo e do desencanto, há, também, um profundo inconformismo com a situação do país e um sentimento que é possível mudar. Há uma vontade de mudar.
Esta realidade vem criar uma enorme responsabilidade para os que defendem uma nova política, exigindo a apresentação ao país de um programa político estruturado, que proponha o necessário e não apenas o possível.
Temos de centrar a actividade política na discussão de novas propostas.
É importante avaliar e criticar o passado e o presente, mas é cada vez mais importante falarmos do futuro.
Temos de debater, discutir e mostrar de forma empenhada que as opções que propomos são as correctas.
O debate de ideias só nos pode favorecer. Apresentando as nossas causas, debatendo as nossas propostas, os Portugueses sentirão que é tempo de um novo tempo.
As nossas causas deverão ir ao encontro dos anseios dos nossos concidadãos. Devem merecer especial atenção o emprego, a pobreza (em especial dos jovens e dos velhos), a educação (em especial o ensino secundário), a coesão económica e social regional, a saúde (em especial a acessibilidade e a garantia que continuaremos a ter no futuro um serviço público de saúde de qualidade) e a justiça.
Temos também de continuar a renovar o discurso político, sejam quais forem as consequências imediatas. É necessário falar verdade, recusar o populismo e ser realista sobre o momento historicamente difícil que se vive, sobre os sacrifícios necessários e relativamente às propostas apresentadas.
É necessário também reafirmar claramente as nossas opções ideológicas, em especial a nossa ambição de reforçar a sociedade civil. Acreditamos na liberdade dos cidadãos para construírem com autonomia o seu destino. Mais do que no Estado, acreditamos na iniciativa e capacidade dos cidadãos, das empresas e do sector social para garantir o nosso futuro.